Na Ilha Grande existem comunidades inteiras que ficam à mercê de serviços públicos omissos, incompetentes, desonestos e criminosos.Quem vem de longe e depara com os encantos do paraíso que é a Ilha Grande não faz ideia do descaso que vem sofrendo a população que escolheu aquele lugar para viver e criar seus filhos.Tudo na vida atual do País teve progresso,mas para o povo que reside nas diversas Comunidades da Ilha Grande houve um recuo na qualidade de vida e acesso a bens indispensáveis à sobrevivência humana.
Num processo que parece intencional foram sendo retiradas uma série de benfeitorias que traziam o mínimo de modernidade necessária para a sobrevivência dos Caiçaras.Havia telefone por fibra ótica em toda a Ilha, hoje a parte sul da Ilha já não conta mais com ela; havia policiamento em toda a Ilha , hoje a parte sul da Ilha já não tem mais policiamento;não havia problemas de saneamento, hoje, por conta de uma obra inacabada pelo Estado,temos paraísos contaminados e impróprios para banho;a Ampla funciona como um vaga-lumes, vive mais apagada do que acesa.Tudo isto, aliada ao transporte inadequado ou inexistente, nos leva a crer que existe uma ação orquestrada pelo Estado para retirar os moradores nativos-algumas comunidades tem mais de cem anos de ocupação-pra dar lugar a empreendimentos imobiliários , em alguns casos e , em outros, gerar o tão falado "crédito de carbono".Só vale lembrar que a Europa ,que bancava esta festa ,está em franco processo de quebra econômica.
O estado, através do Inea, só aparece para multar, cobrar, reprimir.Os empregos que seriam criados pelo tal eco-turismo, ninguém sabe, ninguém viu.Num ato autoritário, o Parque Florestal da Ilha Grande foi ampliado até os limites das Comunidades, inclusive colocando a Comunidade da Praia do Aventureiro dentro dos seus limites.Instalar um simples relógio para energia elétrica se tornou um processo impossível;colocar uma rede de espera se tornou crime;caçar, nem pensar!Mas é preciso deixar claro para o Estado que os nativos estão ali por mais de cem anos e preservaram ,quase que totalmente, a flora e a fauna.
A degradação que se encontra a Praia de Abraão serve para o restante da Ilha Grande como bússola para sabermos o que queremos e o que não queremos para nós.Mas a prática de tirar o meio de sobrevivência do Caiçara vem trazendo um esvaziamento terrível para nossas comunidades.Este êxodo vem permitindo que pessoas sem compromisso nenhum com a preservação da natureza venham se instalar nas nossas praias, ocupando costões, degradando o meio ambiente, pois para eles o que importa é ter um lugar "bonito" para passar seus momentos de lazer.Em contrapartida, nossos jovens partem para o continente sem nenhuma preparação para sobrevivência com o mínimo de dignidade.Famílias inteiras que viviam com qualidade de vida razoável ,partem para morar em áreas demograficamente densas, periféricas e acabam engordando os problemas que todos nos conhecemos em nossas periferias.
Tudo isto tem um nome: desrespeito.Mas a quem vamos nos queixar ? ao Papa ?Pois o Estado não quer nem saber.Quem poderia fazer algo, dorme em berço esplêndido.A Associação de Moradores de Provetá convida a todos para lutarmos contra este descaso.