terça-feira, 26 de julho de 2016

Quem morre, onde morre, como morre e até quando ?

A maior distância entre duas pessoas é a indiferença. Enquanto o maior desprezo pelo outro é o preconceito. O ser humano está muito distante de ser humano. Praticamos indiferença e preconceito como se fizéssemos nossa refeição matinal. Automatizamos nossas brutalidades. Estamos refugiados em nossos egoísmos, achando que podemos viver alheios às violências e transgressões. Enquanto alguém explode uma bomba em Paris e outro alguém atira a esmo numa boate gay, nossos jovens são dizimados nas periferias. Como os corpos estão distantes uns dos outros, acreditamos que não convivemos com uma violência parecida. Se empilhássemos os jovens negros e pobres mortos anualmente no Brasil teríamos uma pirâmide humana digna de registro nas principais páginas de Jornais mundiais. Mas nossos mortos são espalhados e esparsos. Quem morre, onde morre, como morre e até quando?
Quem morre são os meninos pobres e sem perspectivas. Morrem aos borbotões em qualquer canto do País. Morrem por que a violência é resultado de uma visão que permeia a sociedade brasileira: é apenas mais um morto. Morrerão até quando não mudarmos o  sistema educacional do País. A Escola não ensina nada de interessante. Nosso sistema pedagógico está a anos luz do interesse de nossos jovens. Nossos jovens podem passar a vida toda na escola e sair dela sem nada que possa lhe dar um alento futuro. O que vale um diploma de conclusão de segundo grau? Pelo nível da escrita nas redes sociais podemos perceber que a qualidade do ensino é ,no mínimo, temerário. Não compro briga com as polícias, compro briga com o Estado que nos oferece uma polícia despreparada e sem recursos. Não coaduno com quem defende os jovens em suas delinquência. Mas me permito dividir a dor de uma sociedade que perde e está perdida em um sistema que parece longe de nos trazer o mínimo de segurança. Ou, quem sabe, ESPERANÇA!!!
Já dividi a dor com muitos familiares. Já estive na linha de frente na defesa de nossos meninos. Me sinto impotente quando olho para os semanários de nossa cidade e vejo mais um jovem que vi crescer ser morto ou preso. Quantos sonhos interrompidos? Quanto sofrimento ainda nos resta? Até quando seremos espectadores desta carnificina? Enquanto a TV brasileira fica horas mostrando a brutalidade dos terroristas mundiais, brincamos de morar no Jardim do Éden.